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G. I. Williamson
IV. AS RESPONSABILIDADES DO PRESBÍTERO
Em textos como Atos 20.28, 1 Pedro 5.1-3 e Hebreus 13.17, fica claro que os presbíteros são (a) pastores do rebanho de Deus. Eles devem cuidar, guiar e alimentar o povo de Deuscom a verdade de sua Palavra, assim como bons pastores de ovelhascuidam para que elas tenham pastos verdejantes e água adequada. Eles são (b) vigias que são responsáveis pela alma dos homens, sendo obrigados a dar conta de sua supervisão. Eles também devem ser (c) exemplo para o povo Deus, jamais agindo como dominadores (1Pe 5.1ss). Entre as várias atribuições que encontramos mencionadas na Escritura, destacamos as seguintes: os presbíteros devem visitar os enfermos (Tiago 5.14); garantir que tudo na igreja seja feito com decente e ordem (1Co 14.37-40); lutar contra a falsa doutrina (Atos 20.28-30); evitar disputas infrutíferas sobre meras palavras (2Tm 2,14); exortar o povo (Tito 1.4); e juntamente com os presbíteros de
outras igrejas devem resolver as disputas que surgem em sua congregação sobre a base da autoridade suprema da Bíblia (Atos 15).
É claro a partir dessa breve investigação, e de outros textos similares, que o presbítero é primariamente responsável por manter uma supervisão dos membros particulares da igreja local.
A passagem de 1 Pedro 5.2-3 sugere que todo presbítero na era apostólica recebia uma esfera específica de dever eautoridade. (Um bairro com várias famílias era designado à responsabilidade particular de determinado presbítero?) Ele também tinha que se preocupar com o bem-estar da congregação como um todo. A vida corporativa da igreja estava sendo mantida fiel às Escrituras? O Evangelho verdadeiro estava sendo fielmente pregado, os sacramentos corretamente administrados e a disciplina eclesiástica fielmente mantida? A doutrina, adoração e governo da igreja estavam sendo mantidos de uma forma bíblica? Sem dúvida, é evidente quão artificial seria imaginar que os presbíteros tinham apenas uma função real [de rei]!1
Para realizar essa tarefa importantíssima, é óbvio que o presbítero regente de hoje precisa estar bem arraigado nas Escrituras. Ele precisa de uma boa compreensão do que chamamos “teologia bíblica”, o entendimento do processo de autorrevelação de Deus na história, como apresentado na Escritura. Como ele pode proteger o rebanho das más interpretações atomistasdas seitas de hoje, se ele não sabe como interpretar um texto particular da Bíblia à luz desse desdobramento da revelação de Deus? Novamente, ele
precisará ter uma boa noção de “teologia sistemática”. Muitas dificuldades que surgem na vida dos crentes são devido a uma carência do entendimento da verdade de Deus como um sistema
coerente. O resultado é que eles carecem da habilidade para distinguir coisas que são diferentes. Como os presbíteros podem ajudar a aliviar essa fraqueza, se eles mesmos carecem de discernimento? Aqui vemos a importância prática de pelo menos um entendimento modesto da história da Igreja. A maioria dos nossos problemas modernos é pouco mais que versões recauchutadas de heresias e movimentos contra os quais a Igreja já lutou no passado. E, sem dúvida, os presbíteros precisam entender os princípios de governo eclesiástico. Observamos essas coisas, primeiro, porque não queremos que algum leitor pense que minimizamos a educação. É essencial que todos os presbíteros da igreja sejam bem versados nesses assuntos.
Mas tendo dito isso com ênfase, é igualmente importante observar que a maioria das qualificações para o ofício de presbítero não possuem caráter acadêmico. Aqui está, em nossa opinião, a fraqueza básica em nosso atual sistema de treinamento de presbíteros docentes. Não é autoevidente que o apóstolo, ao apresentar as várias exigências para o ofício na igreja primitiva, esperava que as pessoas escolhessem dentre eles (Atos 6.3) homens que satisfizessem aquelas exigências? Não é igualmente autoevidente que as pessoas poderiam fazer isso somente se tivessem um relacionamento relativamente de longo prazo com os homens que estavam avaliando? É justamente aqui quevemos um
sério problema hoje. O sistema atual de treinamentovia Seminário não fornece essa exposição contínua daqueles que desejam ser presbíteros docentes aos membros da congregação. Ascongregações
geralmente chamam homens de quem têm pouco ou nenhum conhecimento íntimo. Isso nem sempre foi assim. Antigamente no Presbiterianismo Americano, os pastores eram com frequência treinados por pastores enquanto viviam com a congregação. Cremos que é tempo de buscar restaurar essa dimensão. Talvez a invenção providencial de meios de comunicação por meio dos quais a instrução pode ser ministrada à distância nos ajudará a preencher essa lacuna. O povo de Deus deveria conhecer os homens que chama. Deveria conhecê-los bem o suficiente para determinar o seu voto com base em todas as qualificações listadas pelo apóstolo, e não apenas aquelas que são acadêmicas. […]
Ouvir sermões é pelo menos tão importante quanto preparar e pregá-los. Eis aqui 20 formas de se tornar um melhor ouvinte de sermão. Alguns desses pontos foram extraídos de três recursos excelentes:
Expository Listening, de Ken Ramey; Listen up!, de Christopher Ash; Take Care How You Listen (free eBook), de John Piper
ANTES DO SERMÃO
1. Leia e medite na Palavra de Deus todos os dias: A leitura diária da Bíblia aguça o apetite para o prato principal no Dia do Senhor. Não podemos esperar estar prontos para digerir alimento espiritual se não comemos ao longo de toda a semana. E não estrague o seu apetite banqueteando-se com o pecado.
2. Limite o consumo de mídia: A maioria dos americanos consome de 9 a 11 horas de mídia por dia (Tiago 1.21). No livro Preaching to Programmed People: Effective Communication in a Media-Saturated Society, Timothy Turner explica como “assistir televisão e ouvir a uma pregação são diametralmente opostos; um é visual, o outro é racional; um envolve os olhos, o outro envolve os ouvidos; um cria observadores passivos, o outro requer ouvintes ativos”.
Após assistir televisão e ir ao cinema, surfar a semana toda na internet, você vai para a igreja e precisa sentar e ouvir a um sermão longo que requer uma grande quantidade de concentração e esforço com os quais você não está acostumado. Espera-se que você passe de ser um espectador passivo a um ouvinte agressivo literalmente da noite para o dia. Ouvir requer uma grande quantidade de concentração e auto-disciplina. (Expository Listening, Ken Ramey, p. 42)
3. Use bem a noite de sábado: Arrume a semana anterior, prepara-se para a próxima semana, vá para cama cedo, desencoraje que as crianças fiquem acordadas até tarde na noite de sábado.
4. Ore por você mesmo e pelo pastor: Faça isso diariamente, mas especialmente no Domingo. De muitas formas, “você receberá o que pediu”.
5. Treine-se para ouvir: Existem inúmeros recursos sobre como pregar, mas, à parte dos poucos mencionados acima, pouquíssimos sobre como ouvir.
Os pregadores possuem muitos recursos para treiná-los e equipá-los a se tornarem melhores pregadores, mas os ouvintes dificilmente têm qualquer recurso para treiná-los e equipá-los a se tornarem melhores ouvintes. Isso é surpreendente quando você considera que o número de ouvintes excede em muito o número de pregadores e ainda mais quando você percebe que a Bíblia fala mais sobre a responsabilidade do ouvinte ouvir e obedecer à Palavra de Deus do que o faz sobre a responsabilidade do pregador explicar e aplicar a Palavra de Deus. De capa a capa, a Bíblia está recheada de versículos e passagens que falam sobre a necessidade vital de ouvir e obedecer à Palavra de Deus. Deus está muito preocupado sobre como os pregadores pregam. Mas com base na enorme quantidade de referências bíblicas a escutar e ouvir, é inegável que Deus está tão preocupado, se não mais, em como os ouvintes ouvem. (Expository Listening, Ken Ramey, p. 3)
O SERMÃO
1. Chegue à igreja com folga de tempo, a fim de se instalar com calma e se concentrar.
2. Respeito o silêncio do santuário: Isso incluir treinar seus filhos a não distrair os outros.
3. Engaje seu corpo e alma na adoração e oração: Envolva todo o seu corpo, mente e alma na adoração antes do sermão.
4. Diga a si mesmo que Deus está prestes a falar: Continue orando para que ele fale com você por meio da sua Palavra.
5. Reconheça que esse é um esforço de equipe e assume a responsabilidade pessoal.
O sermão é uma aventura em conjunto entre o pregador e o ouvinte. Sermões bem sucedidos é o resultado do ouvinte em parceria com o pregador, de forma muito semelhante a como um receptor trabalha em uníssono com um arremessador. Tanto o receptor quanto o arremessador desempenham um papel importante a desempenhar no processo de arremesso. A responsabilidade não descansa inteiramente nos ombros do arremessador. (Expository Listening, Ken Ramey, p. 4)
6. Faça breves anotações: O suficiente para você se concentrar, mas não tantas ao ponto do sermão se transformar numa palestra que engaja apenas a mente.
7. Verifique se o pregador está pregando a Palavra de Deus: Não com um espírito farisaico crítico (Lucas 11.54), mas com um espírito de discernimento bereano (Atos 17.11).
8. Aceite que haverá momentos em que a Palavra te machucará: Não reaja contra isso e “se desligue”, mas receba a repreensão e tente extrair proveito dela.
9. Tenha boa vontade para com o pregador: Má vontade ou malícia para com o pregador é algo que endurece o coração. Algo que bloqueia a Palavra.
10. Tente encontrar uma coisa da qual se beneficiar: Em geral você pode encontrar uma ou duas migalhas mesmo no pior sermão do pior pregador.
APÓS O SERMÃO
1. Converse com outros sobre o sermão: Compartilhe com os seus amigos e família aquilo que te ajudou.
2. Coloque-o em prática: Obedeça e pratique a Palavra.
3. Seja paciente ao esperar os resultados: Semeadura e colheita de frutos pressupõe um processo gradual e lento de desenvolvimento.
4. Trabalhe o seu solo: O solo pode mudar de ruim para bom, e então para muito bom. Somos responsáveis por preparar o solo do nosso coração (Marcos 4.1-20).
5. Dê feedback: De vez em quando encoraje os pregadores com detalhes sobre como e de que forma sermões particulares te ajudaram. E o que acontece quando você fez todas essas 20 coisas dessa lista e decide que precisa dar um feedback negativo. Bem, confira em seu blog o post sobre como criticar o seu pastor.
Fonte: https://headhearthand.org/blog/
Tradução: Felipe Sabino (setembro/2013)