As Responsabilidades do Presbítero

02/01/2014 22:53

 

As Responsabilidades do Presbítero 

G. I. Williamson 

        IV. AS RESPONSABILIDADES DO PRESBÍTERO

    Em textos como Atos 20.28, 1 Pedro 5.1-3 e Hebreus  13.17, fica claro que os presbíteros são (a) pastores do rebanho de Deus. Eles devem cuidar, guiar e alimentar o povo de Deuscom a verdade de sua Palavra, assim como bons pastores de ovelhascuidam para que elas tenham pastos verdejantes e água adequada. Eles são (b) vigias que são responsáveis pela alma dos homens, sendo obrigados a dar conta de sua supervisão. Eles também devem ser (c) exemplo para  o  povo  Deus,  jamais  agindo  como  dominadores  (1Pe  5.1ss). Entre  as  várias  atribuições  que  encontramos  mencionadas  na Escritura, destacamos as seguintes: os presbíteros  devem visitar os enfermos  (Tiago  5.14);  garantir  que  tudo  na  igreja  seja  feito  com decente e ordem (1Co 14.37-40); lutar contra a falsa doutrina (Atos 20.28-30);  evitar  disputas infrutíferas  sobre  meras palavras  (2Tm 2,14); exortar o povo (Tito 1.4); e juntamente com os presbíteros de 

outras  igrejas  devem  resolver  as  disputas  que  surgem  em  sua congregação  sobre  a  base  da  autoridade  suprema  da  Bíblia  (Atos 15). 

    É  claro  a  partir  dessa  breve  investigação,  e  de  outros  textos similares, que o presbítero é primariamente responsável por manter uma  supervisão  dos  membros  particulares  da  igreja  local.  

    A passagem  de  1  Pedro  5.2-3  sugere  que  todo  presbítero  na  era apostólica recebia uma esfera específica de dever eautoridade. (Um bairro  com  várias  famílias  era  designado  à responsabilidade particular  de  determinado  presbítero?)  Ele  também  tinha  que  se preocupar com o bem-estar da congregação como um todo. A vida corporativa  da  igreja  estava  sendo  mantida  fiel  às  Escrituras?  O Evangelho  verdadeiro  estava  sendo  fielmente  pregado,  os sacramentos corretamente administrados e a disciplina eclesiástica fielmente  mantida?  A  doutrina,  adoração  e  governo  da  igreja estavam  sendo  mantidos  de  uma  forma  bíblica?  Sem  dúvida,  é evidente  quão  artificial  seria  imaginar  que  os  presbíteros  tinham apenas uma função real [de rei]!1

    Para  realizar  essa  tarefa  importantíssima,  é  óbvio  que  o presbítero  regente  de  hoje  precisa  estar  bem  arraigado  nas Escrituras. Ele precisa de uma boa compreensão do que chamamos “teologia bíblica”, o entendimento do processo de autorrevelação de Deus  na  história,  como  apresentado  na  Escritura.  Como  ele  pode proteger o rebanho das más interpretações atomistasdas seitas de hoje, se ele não sabe como interpretar um texto particular da Bíblia à luz desse desdobramento da revelação de Deus? Novamente, ele 

precisará  ter  uma  boa  noção  de  “teologia  sistemática”.  Muitas dificuldades  que  surgem  na  vida  dos  crentes  são  devido  a  uma carência  do  entendimento  da  verdade  de  Deus  como  um sistema 

coerente.  O  resultado  é  que  eles  carecem  da  habilidade  para distinguir coisas  que  são  diferentes.  Como  os  presbíteros  podem ajudar  a  aliviar essa fraqueza,  se  eles  mesmos  carecem de discernimento?  Aqui  vemos  a importância  prática  de  pelo  menos um  entendimento  modesto  da  história  da Igreja.  A  maioria  dos nossos  problemas  modernos  é  pouco  mais  que versões recauchutadas de heresias e movimentos contra os quais a Igreja já lutou no passado. E, sem dúvida, os presbíteros precisam entender os  princípios  de  governo  eclesiástico.  Observamos  essas  coisas, primeiro,  porque  não  queremos  que  algum  leitor  pense  que minimizamos  a  educação.  É  essencial  que  todos os  presbíteros  da igreja sejam bem versados nesses assuntos. 

    Mas  tendo  dito  isso  com  ênfase,  é  igualmente  importante observar que a maioria das qualificações para o ofício de presbítero não  possuem  caráter  acadêmico.   Aqui  está,  em  nossa opinião,  a fraqueza  básica  em  nosso  atual  sistema  de  treinamento  de presbíteros  docentes.  Não  é  autoevidente  que  o  apóstolo,  ao apresentar  as  várias  exigências  para  o  ofício  na  igreja  primitiva, esperava que as pessoas escolhessem dentre eles (Atos 6.3) homens que  satisfizessem  aquelas  exigências?  Não  é  igualmente autoevidente  que  as  pessoas  poderiam  fazer  isso  somente  se tivessem um relacionamento relativamente de longo prazo com os homens que estavam avaliando? É justamente aqui quevemos um 

sério problema hoje. O sistema atual de treinamentovia Seminário não  fornece  essa  exposição  contínua  daqueles  que  desejam  ser presbíteros docentes aos membros da congregação. Ascongregações 

geralmente  chamam  homens  de  quem  têm  pouco  ou  nenhum conhecimento  íntimo.  Isso  nem sempre  foi  assim. Antigamente no Presbiterianismo  Americano,  os  pastores  eram  com  frequência treinados por pastores enquanto viviam com a congregação. Cremos que é tempo de buscar restaurar essa dimensão. Talvez a invenção providencial  de  meios  de  comunicação  por  meio  dos  quais  a instrução pode ser ministrada à distância nos ajudará a preencher essa  lacuna.  O  povo  de  Deus  deveria  conhecer  os  homens  que chama. Deveria conhecê-los bem o suficiente para determinar o seu voto  com  base  em  todas  as  qualificações  listadas  pelo  apóstolo,  e não apenas aquelas que são acadêmicas. […] 

 
1Numa  seção  anterior,  o  autor  tentou  demonstrar  que “tanto  presbíteros  como  diáconos  incorporam  a 
autoridade delegada de Cristo. A  medida desse dom difere,  mas  há um aspecto ou elemento profético, 
sacerdotal e real na obra dos presbíteros e dos diáconos”. [N. do T.] 
Fonte:  Trecho  do  excelente  artigo  A  Look  at  the  Biblical 
Offices, de G. I. Williamson, que apareceu na revista  Ordained 
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em dezembro de 2013.